9 de abril de 2015

FILHO É PARA SER AMADO TODOS OS DIAS

"Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou.”

 

H
á um tempo, eu estava sentado fazendo uma refeição juntamente com alguns amigos. Exatamente quatro colegas de trabalho homens e uma colega. Todos eles pais e ela mãe. O tema da conversa era "filhos", ou melhor, "os defeitos dos filhos".
O papo corria acalorado e eu, efetivamente, não participava dos diálogos; apenas ouvia.
Em certo momento, um dos colegas me dirigiu a palavra, questionando-me para expressar minha concordância com o que eles falaram até aquele momento.
- Não é isso mesmo, Valter? – perguntaram eles.
Não sei de onde eu tirei a resposta, mas, sem pensar, respondi:
- Não, eu não concordo! Filho meu é para ser beijado e para dizer todos os dias que eu o amo, muito!
Essa resposta bateu pesado aos ouvidos daqueles colegas, a ponto da colega ir às lágrimas. A conversa deles parou por ali. À noite, antes de dormir, rezei por eles e pedi a Deus que os perdoasse, pois eles (parafraseando o texto bíblico) não sabiam o que estavam dizendo.
A verdade é que não posso condená-los, pois também agi assim por muitos anos. A minha geração, na sua grande maioria, foi criada por pais autoritários, onde o respeito era conquistado à força. Eu, por exemplo, cresci com medo do meu pai.
De certa forma, esse ambiente de rigor familiar deixou em mim alguma sequela. Sem perceber, comecei a criar minhas filhas com a mesma essência daquela minha autoridade paterna. Eu estava sempre certo e não admitia confronto. Esse era eu.
Com o passar dos anos, percebia que elas estavam se afastando de mim. Estávamos dentro da mesma casa, mas muito distantes uns dos outros.
Essa situação perdurou até os doze anos da filha mais velha. Durante todos esses anos, eu reinei soberano em meu trono dentro de casa.
Em 1994, numa dessas conversas no ambiente de trabalho (do tipo daquela que citei no início desse artigo), ouvi o relato angustiante de uma mãe. Dizia ela que havia se separado do marido. O filho desse relacionamento, com dezesseis anos à época, foi convencido pelo pai a exigir dela o pagamento de pensão alimentícia. Como aquele filho foi morar com o pai, um advogado o alertou que, nessa situação, ele não teria direito à citada pensão.
O resultado foi que o filho voltou a morar com a mãe, mas não trocava uma única palavra com ela, exceto quando estava chegando o dia de se fazer o depósito do valor referente à pensão. O diálogo não era nada amigável; apenas para lembrar a mãe da proximidade da data do depósito.
Aquela mãe era o sofrimento em pessoa. Vi nos olhos dela a tristeza por ter dado tanto amor àquele filho e, agora, por causa de uma mísera quantia mensal, a ingratidão ter tomado conta do coração daquele menino. Ela perdeu o filho. Não tinha culpa do que lhe acontecia e, talvez por isso, ela sofria ainda mais.
Aquela história me atingiu profundamente. Lembro-me de ter chorado; coisa impensável para mim naquela época.
Aquelas minhas lágrimas me fizeram tomar uma decisão: eu precisava descer do meu trono ou iria sofrer como aquela mãe o resto da minha vida. Resolvi mudar.
Comecei a mudança gradativamente. Foi difícil. Os primeiros abraços demoraram um pouco. O “eu te amo” então, nem se fala. Só depois de quatro anos eu disse isso, pois foi quando elas perceberam que eu realmente havia mudado, que eu havia me transformado num verdadeiro pai.
Hoje posso dizer seguramente que sou feliz no relacionamento com minhas filhas. Amo muito as duas e digo isso a elas todos os dias. Ao agir assim, recebo delas, também todos os dias, o amor sincero e espontâneo. A gente brinca, se abraça, briga, é filho e é pai, vivendo cada um o seu papel, mas fazendo questão de dizer que um não vive mais longe do outro.
Continuo sendo pai, corrigindo quando as coisas estão tomando caminho errado. A diferença é que não faço mais isso lá do alto do meu trono, pois de lá eu não era ouvido. Aprendi que, muitas vezes, é preferível estar em paz a estar com a razão.
Se você, que está lendo esse texto, também é pai, quero lhe dizer que filhos são bênçãos dos céus. Não podemos perder a oportunidade de amá-los. Não estou me referindo àquele amor do tipo "amo meus filhos do meu jeito; não preciso ficar dizendo isso a eles", como já vi vários pais dizendo. O amor de que estou falando é aquele que abraça, beija, brinca, cobra e que repreende com respeito e amizade, aquele amor que não se envergonha de pedir perdão quando erra em relação aos filhos. É desse amor que estou falando.

Nunca é tarde para mudar. Da mesma forma, também nunca é tarde para chorar, como chorou aquela minha colega de trabalho. Lágrimas de dor, com certeza; lágrimas de alguém que deveria estar sofrendo bastante, infeliz, com um grande vazio na alma, que poderia ser preenchido com um simples abraço, um abraço de filho.

Tio Valter

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