Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e
se entregou por mim. (Galatas,2-20)|
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e perguntássemos a um grupo
de pessoas o que elas pensam a respeito do mundo em que vivemos, certamente o
aspecto mais abordado seria o sofrimento.
Fiz esse teste. Perguntei a
algumas pessoas quais os fatos mais marcantes elas lembravam a respeito do
mundo. O resultado mostrou que se lembram das guerras mundiais, do terremoto no
Haiti, do ataque às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, etc. Uma ou outra
encontrou espaço para citar coisas boas, mas a grande maioria delas referenciou
assuntos onde o sofrimento foi o aspecto mais marcante.
Há vinte anos, quando se
entrava numa livraria, as publicações sobre informática e romances dominavam as
prateleiras. Hoje o que se nota é uma grande variedade de livros de autoajuda.
Cada dia mais as pessoas buscam nos livros soluções para problemas
existenciais, alento para o coração apertado e repostas para o vazio crescente
na alma.
Segundo estatística divulgada
pela ONU, no mundo, a cada minuto, três pessoas tentam cometer suicídio. Dessas
três, uma consegue o intento. Infelizmente, essa é a realidade. Somos um povo
que sofre.
Aí vem a inevitável pergunta:
Qual a resposta de Deus para o povo que sofre? No evangelho de João, capítulo
14, versículo 27, está escrito:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou
como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize.” (João
14.27)
Jesus está dizendo que Ele
nos dá a sua paz; e continua, afirmando que a paz que Ele nos dá não é igual à
paz que o mundo nos dá. Jesus dá a entender que a paz que o mundo nos dá não
tem o poder de nos tornar pessoas felizes. Ela pode até nos deixar alegres por
um tempo, mas isso é temporário e inevitavelmente a gente vai acordar desse
sonho bom e retornar à nossa realidade.
E Jesus completa dizendo que
não precisamos ter medo e que não perturbemos o nosso coração, pois a paz dEle
é diferente. Como tudo o que Deus faz é eterno, podemos considerar que a paz
que Ele nos dá é uma paz também eterna. Mas, olhando para o lado, a gente vê,
todos os dias, irmãos que sofrem.
Recentemente, uma colega de
trabalho me fez um desabafo desesperado. Com a mãe enferma e o casamento
recém-terminado, dizia estar sem esperança para viver e que a vida dela não
tinha mais sentido. Vivia por obrigação. Fiquei sem palavras para dizer a ela
algo que a confortasse. Então que paz é essa que Jesus nos promete? Que paz é
essa que permite que a gente sofra? Por que é que Ele não sai lá do seu trono e
vem até aqui, na Terra, e interfere nas circunstâncias das pessoas? Por que Ele
não vem até aqui e faz novos milagres e cura os doentes, termina com as guerras
e estabelece a paz no mundo? Que resposta Deus tem para dar ao seu povo que
sofre?
Durante muito tempo, busquei
essa resposta. Em vários lugares.
Nesse tempo, eu achava que
Deus não deveria permitir que os seus sofressem. Cobrava dEle a presença na
vida das pessoas, de forma que as impedisse de sofrer e desse um jeito nas
circunstâncias motivadoras do sofrimento. Em alguns casos, até, somente o
milagre seria a solução, mas Deus é capaz disso; então, por que não Ele
aparecer e dar jeito nas coisas? Por que não Ele exercer, mais uma vez, seu
poder de misericórdia e nos conceder viver no paraíso criado lá em Gênesis?
Lendo a Bíblia, percebi que a
resposta de Deus para o povo que sofre não é o milagre que Ele é capaz de
fazer. Também não é a Sua presença física no nosso meio para resolver as
circunstâncias e também não é o seu poder de misericórdia. Não, não são essas
as respostas de Deus para o nosso sofrimento. A resposta de Deus para o
sofrimento humano está na sua igreja. Não estou me referindo àquela igreja
feita de tijolos, mas à igreja feita de pessoas, da qual eu e você fazemos
parte. Nós somos a igreja de Deus e nós somos a resposta dEle para o mundo que
sofre.
Então, meu irmão, se você
está sofrendo neste momento, se o seu coração está angustiado e dentro de você
existe um vazio do tamanho do mundo, a culpa não é de Deus; a culpa do seu
sofrimento é minha. Deixe Deus fora dessa! É em mim que Deus age. E quando eu
permito que isso aconteça, quando eu digo “sim” à ação dEle em mim, eu,
invariavelmente, procuro você para uma conversa, para um abraço, para
confortá-lo das suas angústias ou, se eu não tiver essa capacidade para
confortá-lo, chorar junto com você.
Não cobre de Deus a sua falta
de felicidade. Cobre de mim, pois parte da culpa é minha.
Perdoe-me,
por favor!Tio Valter
