
Quando
retornamos o medo permanecia. Minha mãe ainda sem entender tudo plenamente tinha
medo de que quando eu crescesse me juntasse ou formasse algum grupo para lutar
ou qualquer coisa do tipo. Por isso, eu passei despercebido para a maioria das
pessoas até o início da adolescência. Mas eu não podia lutar contra a vontade
dentro de mim. Eu queria um mundo melhor não só para a minha família e pessoas
mais próximas, mas para todas as outras pessoas também.
Foi
então que decidi fazer algo. Sentia que poderia fazer algo.... que na verdade
Deus tinha me dado a vida para fazer algo grandioso e que eu aceitaria morrer
por isso.
Por
isso, me entristece ver centenas de pessoas espremidas em um novo “navio
negreiro” com destino a um país onde elas sabem que serão vítimas de
preconceito e violência por causa de sua cor ou sua religião; que ganharão um
valor muito menor pelo suor do trabalho; que serão vistas como escória; mas que
preferem este “sobreviver” a morrer em sua terra natal. Dói ver pessoas viverem
em abrigos com péssimas condições de higiene, espremidas, vítimas de violência
sexual, muitas vezes separadas de seus familiares, tudo isso porque aquele que
deveria governá-la com justiça prefere expulsá-la de sua terra natal e dizimar
os que ficam... e ao se dispor a servir em um “novo reino” corre o risco de
sofrer nova expulsão.

Sei
muito bem o apego que o homem sente pela sua terra de origem. Muitos permanecem
nela mesmo com fome e sede por acreditarem que uma providência divina na forma
de chuva ou qualquer outra benção fará com que a terra volte a ser fértil e
motivo de orgulho. Porém a guerra e a morte eminente conseguem convencê-lo a
procurar um novo lugar porque são causadas por algo pior do que a fúria da
natureza: outro homem.
No
fim, achava o exemplo de vida de um homem tão especial, em comunhão única com
Deus, que passou por diversas provações e que se submeteu a morrer pela
humanidade para salvá-la já seria um bom exemplo a ser seguido e do que o ser
humano precisaria realmente para ser feliz.
Espero
que um dia a humanidade perceba aquilo que lutei tanto para mostrar.
Eu
sou Jesus e fui um refugiado